Entre umas e outras
Como todo homem, eu um dia quis ser igual ao meu pai. Quis imitá-lo na profissão, nas atitudes, nos gostos, nas expressões, até mesmo independência. Daí surgiram, inclusive os primeiros conflitos lá em casa. Assim como ele não se submetia a ninguém, eu também não me submeteria. Nem mesmo a ele! Esse conflito não durou muito, dado o fato de que eu não tinha dinheiro no bolso e nem vocação pra hippie. A cabeça baixou e a garganta também. Ao mesmo tempo, o mito do super-herói foi caindo. O pai não era mais o modelo que eu buscava alcançar e sim o modelo do que eu, irremediavelmente, me tornaria. Quisesse eu, ou não.
Eu poderia citar diversos fatores que me levaram a essa conclusão. Mas vou me ater a um deles, que se passou recentemente. Foi o fenômeno da barriguinha de chopp. Esta fez sempre parte da figura do meu pai que chegava ao ponto de, na falta de uma mesa, apoiar o copo de whisky na barriga. Pois, ela aterrissou no meu corpo espontâneamente, de um dia para o outro, e foi saudada pelos amigos com grande alegria. Era um marco da chegada da vida adulta.
Foi esse o meu orgulho inicial. Eu era agora o feliz proprietário de um automóvel, de um diploma, de uma relação estável e - por que não - de uma barriguinha de chopp. Ninguém se opôs a ela. muito pelo contrário. "Você não sabe o quanto eu gastei nessa barriga" era a resposta de praxe de todos aqueles que compartilhavam comigo a condição.
Em meio àquela festa, uma coisa começou a me incomodar: Aquele símbolo de maturidade masculina, estava abalando minha masculinidade. Foi do que me dei conta certo dia enquanto me olhava no espelho. Estava experimentando a quarta ou quinta camisa antes de sair de casa quando proferí a seguinte frase: "Estou muito gordo para usar essa camisa".
!!!
Qual seria a próximo passo? "Eu não tenho roupa!", "Esse sapato não combina com a minha blusa" ou "Ai meu deus que bolsa linda!!!"? Não! Resolvi sair com aprimeira camisa que me viesse à mão, a fim de provar para mim mesmo que não estava me tornando uma moça. Porém, para a minha derrota me senti mal a noite inteira. Incomodado, me achando feio, achando que aquela roupa me engordava, meu deus!
Estava mesmo gordo, e havia chegado num impasse. O que representava então aquela pancinha? Um troféu ou um castigo? O início ou o fim da minha vida como homem? A resposta não veio, mas única solução possível para minha condição me caiu do céu no dia seguinte. O meu pai vinha me dizer que estava fazendo um regime. E que segunda começava na academia. "Tentar perder essa barriguinha. Não quer ir comigo?"
E lá fomos nós.
5 Comments:
OK Senhor Cabeca-Dura! Voce esta publicando estes textos para que? Qual a finalidade? Para sel bel-prazer? Para entretar a galera? Para formar um "book" de apresentacao sua como escritor? Ou todas as alternativas estao corretas?
Seja qual for a alternativa correta voce estara formando um "book", isto eh interessante e util no final das contas. entao eu volto a bater na tecla REVISAO. Revise, revise, revise! quanto mais se aproximar da perfeicao, melhor. Nao deve ser feito a facao, na correria como voce fez este ultimo domingo. Minha sugestao eh trabalhe no texto a ser publicado no blog com uma semana de antecedencia.
Voce nao mudou quase nada do texto e ha frases que estao incompletas (para o leitor). Voce sabe o que esta na sua cabeca/imaginacao; o leitor nao! Veja por exemplo a sentenca em que voce fala "Quis imitá-lo na profissão, nas atitudes, nos gostos, nas expressões, ATE MESMO INDEPENDENCIA". Esta ultima frase esta incompleta!
Estou adorando o que voce esta fazendo. Continue! Eu continuarei lendo e opinando.
De ontem para ca, resolveu nevar, pouquinho, mas nevou! TE AMO MUITO! Sua mae!
"Como todo homem, eu um dia quis ser igual ao meu pai." Oxe, então pq vc não foi ser musico???Não entendi.
Eu me opus à barriguinha.
E você, num golpe baixo, insistiu que EU entrasse na academia também "pra te acompanhar".
*ultraje*
Gostei muito desse!!!
Coelhinho da páscoa que trazes pra mim? um ovo, dois ovos, três ovos assim...
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