Nas Ondas do Rádio
O vento não precisava soprar, a água não precisava molhar; bastava que houvessem ondas, e para isso serviam as do rádio mesmo. Miguel navegava nelas. Ia em seu barquinho de jornal, navegando numa estação, por uma música ou outra, até que a música acabasse e ele ficasse à deriva outra vez, boiando sobre um noticiário ou sobre um comentarista chato de esportes. Pegava, então, uma canção mais rapidinha em outra estação e mudava de rumo. Ia longe como o que, o mar era imenso e as estações levavam por caminhos desconhecidos, onde nenhum homem jamais esteve. Navegar era preciso; água, vela, leme, corda, bússola, nada disso era preciso. Ao menos para Miguel.
Ele ouvia lá embaixo o seu irmão mais velho, que lhe chamava e mandava ele descer dali. Dizia que não se pode navegar em ondas de rádio, porque as ondas do rádio não eram feitas de água. Eram apenas freqüências eletromagnéticas às quais convencionou-se chamar de ondas pelo formato que possuem quando desenhadas em gráficos para estudo. Não tinham nada a ver com ondas de verdade, das que tinham no mar.
Era como uma interferência. O barco girava, fazia que ia parar, a vela murchava, mas Miguel continuava firme, e o barco seguia. O irmão sabia que não ia adiantar desligar o rádio, pois as ondas continuariam no ar, mesmo sem um aparelho que as recebesse. E ficava em terra firme gritando para Miguel descer, sem coragem de ir atrás do irmão: era contra as leis da física.
Já Miguel fazia suas próprias leis da física, assim como fazia que não ouvia o irmão e deixava ele falando sozinho. Pegava uma estação que só tocava salsa e se mandava para o Caribe, navegava no ritmo quente da rumba e do tchá-tchá-tchá, tomava sol em praias paradisíacas, mergulhava num idioma estranho... Depois voltava pra casa, cheio de histórias de marinheiro, morto de cansaço, e ia dormir. E aí já nao precisava mais de canção de ninar nem nada, tinha tudo de cor e salteado, dançando em sua cabeça.
Ah, o mar.
Ele ouvia lá embaixo o seu irmão mais velho, que lhe chamava e mandava ele descer dali. Dizia que não se pode navegar em ondas de rádio, porque as ondas do rádio não eram feitas de água. Eram apenas freqüências eletromagnéticas às quais convencionou-se chamar de ondas pelo formato que possuem quando desenhadas em gráficos para estudo. Não tinham nada a ver com ondas de verdade, das que tinham no mar.
Era como uma interferência. O barco girava, fazia que ia parar, a vela murchava, mas Miguel continuava firme, e o barco seguia. O irmão sabia que não ia adiantar desligar o rádio, pois as ondas continuariam no ar, mesmo sem um aparelho que as recebesse. E ficava em terra firme gritando para Miguel descer, sem coragem de ir atrás do irmão: era contra as leis da física.
Já Miguel fazia suas próprias leis da física, assim como fazia que não ouvia o irmão e deixava ele falando sozinho. Pegava uma estação que só tocava salsa e se mandava para o Caribe, navegava no ritmo quente da rumba e do tchá-tchá-tchá, tomava sol em praias paradisíacas, mergulhava num idioma estranho... Depois voltava pra casa, cheio de histórias de marinheiro, morto de cansaço, e ia dormir. E aí já nao precisava mais de canção de ninar nem nada, tinha tudo de cor e salteado, dançando em sua cabeça.
Ah, o mar.
7 Comments:
Não vou mentir que se voce escrevese um livro eu comprava...
não tô dizendo?...
valeu cabras. tbm amo vocês.
comprava tb..e já falei pra ele que vou levar meus filhos pra dormir na casa dele pra ele contar estórias..serei vizinha dele, fato.
hahah decente ludi! :)
vc é doida, é, ludi?
botar ivan pra contar história pra guri? os minino iam ficar tudo malucão...
mas se era só pra elogiar, tá valendo.
:)
ô Pi..vamos lá... vamos dar uma chance a Ivan Malucão. :)
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