O Mestre do Tempo
O sapo veio pulando pelo jardim. Era a primeira vez que Pedrinho via um sapo em sua vida. "Nossa", pensou, "que sapo feio!" Era muito mais feio que os sapos dos desenhos e dos livros de colorir. Pedrinho estava passando o final de semana na praia, mas, por causa da chuva, ficou o dia inteiro brincando dentro de casa. Agora que a chuva havia finalmente dado um tempo, ele saiu pra explorar o jardim. Seus pais estavam na cozinha preparando uma macarronada para o jantar e assistindo televisão bem alto. O menino explorava o pântano no qual tinha se transformado o jardim após a chuva. Havia poças d'água por todo lado e tanto barulho de bicho que mais parecia uma sinfonia. Foi quando ele viu o sapo feio se aproximar pulando.
Naturalmente Pedrinho quis vê-lo de perto. Tinha que aproveitar, pois dificilmente veria um sapo em seu prédio ou na escola. Ele foi chegando perto e, de repente, o sapo parou de pular. Pedrinho tomou um susto. O sapo não só parou, mas assumiu uma posição de estátua mística e congelou o tempo. Não se ouvia mais o barulho da televisão, nem o barulho dos bichos em volta, nada. Até o vento ficou quieto. Foi como se o mundo todo tivesse feito silêncio de uma só vez. Pedrinho ficou em dúvida se poderia se movimentar já que tudo o mais estava parado.
Olhou para o sapo e o bicho lhe disse que o tempo não estava correndo e, conseqüentemente, o espaço não existia. Pedrinho não entendeu e perguntou porque ele tinha parado o tempo. O sapo respondeu que tinha feito isso para poder conversar um pouco, porque estava se sentindo só e a passagem do tempo não lhe permitia parar. "Quando o tempo está correndo, você está sempre correndo contra ele", disse. Qualquer conversa se torna vaga e nada se desenvolve se você tem um fim marcado, se aproximando a toda velocidade. O sapo do tempo só conseguia conversar quando o tempo estava parado. Assim, o assunto fluiria naturalmente e terminaria quando tivesse de terminar, sem pressão. Aí, ele, que controlava o tempo, despausava e voltava a pular de poça em poça.
Pedrinho achou interessante o que o mestre do tempo lhe disse. Podia compreender bem o que ele sentia. Também detestava que lhe interrompessem quando estava brincando porque estava na "hora do banho", na "hora de escovar os dentes", na"hora de ir pra cama", na "hora de ir para a escola". Havia sempre uma "hora de alguma coisa" pra interromper tudo e ele raramente conseguia terminar alguma brincadeira por vontade própria. Então o menino ficou alí e conversou um bocado com o sapo mestre do tempo, até que os dois se cansaram. Não se cansaram fisicamente, pois estavam parados no tempo e era como se estivessem ali apenas por um instante, mas o assunto chegara ao fim e nenhum dos dois tinha mais nada pra dizer. Pedrinho lhe fez, então, uma última pergunta.
- Mestre do tempo, você é um cara tão poderoso, porque está em forma de sapo pulando de poça em poça, foi alguma maldição de bruxa?
o mestre do tempo respondeu que era muito mais forte que as bruxas e que nenhuma delas ousaria lançar-lhe um feitiço. Ele tinha nascido sapo, e se acostumou a comer insetos e pular de poça em poça, por isso não assumia uma outra forma
- É legal, você devia experimentar.
E assim os dois se despediram. Num instante, Pedrinho ouviu o grito de sua mãe:
- Pedrinhooooo, sai desse mato que tá na hora de comer!
O sapo atravessou pulando o jardim e sumiu pelo brejo.
Naturalmente Pedrinho quis vê-lo de perto. Tinha que aproveitar, pois dificilmente veria um sapo em seu prédio ou na escola. Ele foi chegando perto e, de repente, o sapo parou de pular. Pedrinho tomou um susto. O sapo não só parou, mas assumiu uma posição de estátua mística e congelou o tempo. Não se ouvia mais o barulho da televisão, nem o barulho dos bichos em volta, nada. Até o vento ficou quieto. Foi como se o mundo todo tivesse feito silêncio de uma só vez. Pedrinho ficou em dúvida se poderia se movimentar já que tudo o mais estava parado.
Olhou para o sapo e o bicho lhe disse que o tempo não estava correndo e, conseqüentemente, o espaço não existia. Pedrinho não entendeu e perguntou porque ele tinha parado o tempo. O sapo respondeu que tinha feito isso para poder conversar um pouco, porque estava se sentindo só e a passagem do tempo não lhe permitia parar. "Quando o tempo está correndo, você está sempre correndo contra ele", disse. Qualquer conversa se torna vaga e nada se desenvolve se você tem um fim marcado, se aproximando a toda velocidade. O sapo do tempo só conseguia conversar quando o tempo estava parado. Assim, o assunto fluiria naturalmente e terminaria quando tivesse de terminar, sem pressão. Aí, ele, que controlava o tempo, despausava e voltava a pular de poça em poça.
Pedrinho achou interessante o que o mestre do tempo lhe disse. Podia compreender bem o que ele sentia. Também detestava que lhe interrompessem quando estava brincando porque estava na "hora do banho", na "hora de escovar os dentes", na"hora de ir pra cama", na "hora de ir para a escola". Havia sempre uma "hora de alguma coisa" pra interromper tudo e ele raramente conseguia terminar alguma brincadeira por vontade própria. Então o menino ficou alí e conversou um bocado com o sapo mestre do tempo, até que os dois se cansaram. Não se cansaram fisicamente, pois estavam parados no tempo e era como se estivessem ali apenas por um instante, mas o assunto chegara ao fim e nenhum dos dois tinha mais nada pra dizer. Pedrinho lhe fez, então, uma última pergunta.
- Mestre do tempo, você é um cara tão poderoso, porque está em forma de sapo pulando de poça em poça, foi alguma maldição de bruxa?
o mestre do tempo respondeu que era muito mais forte que as bruxas e que nenhuma delas ousaria lançar-lhe um feitiço. Ele tinha nascido sapo, e se acostumou a comer insetos e pular de poça em poça, por isso não assumia uma outra forma
- É legal, você devia experimentar.
E assim os dois se despediram. Num instante, Pedrinho ouviu o grito de sua mãe:
- Pedrinhooooo, sai desse mato que tá na hora de comer!
O sapo atravessou pulando o jardim e sumiu pelo brejo.
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