Eu e a Moça
A moça da chuva é temperamental e só faz o que quer. Eu já tentei argumentar, discutir, provar por a mais bê que aqui não deve chover nessa época do ano e sim naquela outra, e que tem lugares que precisam dessa chuva agora e não depois de amanhã. Mas ela não dá a mínima pra geografia, não me ouve e nem ouve ninguém. E quando a gente briga, sempre chove. E sair de casa se torna uma tarefa insuportável.
Hoje foi um pouco diferente. Choveu como sempre, mas eu não saí de casa. Amanheci muito doente. Quando o despertador tocou, eu já sabia que não iria me levantar e aquele barulhinho chato me convidava cada vez mais pra dentro. Esperei que ele parasse de tocar e puxei as cobertas até a altura do nariz. Estava completa a minha doença. No quentinho da minha cama, fazendo somente o que eu queria.
Talvez a moça da chuva tivesse razão em certo ponto. Afinal, ela estava quase sempre bem e eu estava quase sempre mal. Eu tinha meus pés demasiado fincados na terra, ela tinha os olhos sempre voltados para as nuvens. Eu estava eternamente preso à minha condição, ela tinha a displiscência de ser um fenômeno natural: inconsequente, alheia, saltitante, sem obrigações nem culpas.
Deitado na cama, se passaram dois dias. Ninguém conseguia entender o que eu tinha, e eu me recusava a ir ao médico. Essa chuva que não passa, dizia forçando uma tosse. A moça da chuva deve ter cansado de birra e deixou o sol sair. Foi quando eu fiquei bom e saí de casa. Fiz as pazes com ela e disse que a compreendia, agora. Lhe pedi que chovesse pra que pudessemos saltar as poças d'água e tomar banho de chuva. Os meteorologistas não entendiam, se perdiam em suas observações e cálculos. Houve desabamentos, catástrofes, alagamentos. Era como se o mundo estivesse mesmo desabando. Mas naquele momento eu era natural e não me preocupava mais com isso.
Acontece que eu não era a chuva, era somente amigo dela. E como acontece sempre aos amigos da chuva, eu fiquei gripado. Agora de verdade.
Hoje foi um pouco diferente. Choveu como sempre, mas eu não saí de casa. Amanheci muito doente. Quando o despertador tocou, eu já sabia que não iria me levantar e aquele barulhinho chato me convidava cada vez mais pra dentro. Esperei que ele parasse de tocar e puxei as cobertas até a altura do nariz. Estava completa a minha doença. No quentinho da minha cama, fazendo somente o que eu queria.
Talvez a moça da chuva tivesse razão em certo ponto. Afinal, ela estava quase sempre bem e eu estava quase sempre mal. Eu tinha meus pés demasiado fincados na terra, ela tinha os olhos sempre voltados para as nuvens. Eu estava eternamente preso à minha condição, ela tinha a displiscência de ser um fenômeno natural: inconsequente, alheia, saltitante, sem obrigações nem culpas.
Deitado na cama, se passaram dois dias. Ninguém conseguia entender o que eu tinha, e eu me recusava a ir ao médico. Essa chuva que não passa, dizia forçando uma tosse. A moça da chuva deve ter cansado de birra e deixou o sol sair. Foi quando eu fiquei bom e saí de casa. Fiz as pazes com ela e disse que a compreendia, agora. Lhe pedi que chovesse pra que pudessemos saltar as poças d'água e tomar banho de chuva. Os meteorologistas não entendiam, se perdiam em suas observações e cálculos. Houve desabamentos, catástrofes, alagamentos. Era como se o mundo estivesse mesmo desabando. Mas naquele momento eu era natural e não me preocupava mais com isso.
Acontece que eu não era a chuva, era somente amigo dela. E como acontece sempre aos amigos da chuva, eu fiquei gripado. Agora de verdade.
2 Comments:
gosto disso.
fofão esse texto.
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